Wednesday, April 27, 2005

Revistas de gajo

É questão de dar uma voltinha pelos quiosques: o país encheu-se de revistas com moças semi-desnudas na capa. Eu já tenho a novidade do mercado: a FHM. Comprei este segundo número porque sei que traz um dossier completíssimo sobre o tema da semiótica na problemática do estruturalismo pós-moderno húngaro. É um assunto que me interessa muito. Já havia comprado a última Maxmen por causa de uma densa reflexão sobre os neosartreanos.
Sejamos claros: este boom revisteiro só pode ter a ver com o facto de Portugal estar farto de ser chamado de metrossexual e depravado por esse mundo fora. Temos de limpar a imagem. Chegou a altura de parecer um gajo à antiga. O lema é: «Vejam lá, ó estrangeirada, apesar deste look de metrossexual da Baixa da Banheira e dos escândalos tipo Casa Pia, nós gostamos é de mulherio a sério».
Não sei se já repararam. Têm-se visto mais aglomerados de senhores respeitáveis junto das lojecas de jornais. A táctica é simples: um tipo finge que está a olhar para a manchete do Courrier Internacional quando na verdade está a espreitar para a moçoila da GQ. Já há cursos para isso e tudo.
As outras revistas começam a atacar com as armas de que dispõem. Por exemplo, há quem tenha comprado a Nova Cidadania, dirigida por João Carlos Espada, só porque tem um artigo assinado por um tal de Kenneth Minogue (intitulado “Sondagens à Parte”). A julgar pelo Zé Tó, o filho da porteira, o apelido do senhor enganou muito candidato a marialva. Espera-se mesmo um aprofundamento da táctica. Estou a imaginar os colaboradores dos próximos números da Nova Cidadania: Jonathan Galisteu, Francis Spears e Mariso Cruz. Aguardemos.
(texto publicado no dia 27 de Abril)