o coelho, o lobo, a melga e o rato
A participação de Jorge Coelho no programa Quadratura do Círculo não faz qualquer sentido. Anteontem, apanhei-o a intervir. Previsível: representava o papel de defensor fundamentalista das hostes socialistas. Só lhe faltou fazer o rosáceo elogio da maneira como Sócrates se penteia logo pela manhã e da forma como segura a bica cheia (quem sabe, com o dedo mindinho espetado) no café da esquina.
Porque a questão é esta – e tão somente esta: o programa quer armar-se ao livre. E Jorge Coelho não é um homem livre. Coelho é coordenador da Comissão Permanente do PS. Sim, o nome do cargo diz tudo. Por isso e só por isso se percebe que, por exemplo, na análise que fez do discurso fideliano (na duração) de Jorge Sampaio no 25 de Abril só tenha sublinhado - em tons igualmente rosáceos - a crítica que o presidente fez à obsessão pelo défice.
Pacheco e Lobo são, apesar de tudo, vozes mais libertas dos discursos oficiosos das agremiações em que militam. (Por falar nisso, até quando é que um lobo e um coelho vão conseguir coexistir no mesmo reduto?; ainda não reflecti o suficiente sobre o assunto para me pronunciar; nem sobre o facto de um coelho ter ido substituir uma personagem com óbvio feitio de melga). O primeiro é tão livre, tão livre que mais valia que tivesse a coragem e a generosidade suficientes para realizar uma festarola de despedida. Com o DJ Santana a pôr música, é claro.
É que, além do mais, a coisa pode tornar-se francamente aborrecida. Já adivinhamos quais vão ser as cenas dos capítulos seguintes. Pacheco e Lobo continuarão ao ataque e Coelho permanecerá à defesa. Sim, por mais spots que passem com o próprio a tentar mostrar que até é um espírito livre, nunca poderá sair da actual cartola do Rato. A menos que tenha em mente outras ambições.
(texto publicado no dia 29 de Abril)
Porque a questão é esta – e tão somente esta: o programa quer armar-se ao livre. E Jorge Coelho não é um homem livre. Coelho é coordenador da Comissão Permanente do PS. Sim, o nome do cargo diz tudo. Por isso e só por isso se percebe que, por exemplo, na análise que fez do discurso fideliano (na duração) de Jorge Sampaio no 25 de Abril só tenha sublinhado - em tons igualmente rosáceos - a crítica que o presidente fez à obsessão pelo défice.
Pacheco e Lobo são, apesar de tudo, vozes mais libertas dos discursos oficiosos das agremiações em que militam. (Por falar nisso, até quando é que um lobo e um coelho vão conseguir coexistir no mesmo reduto?; ainda não reflecti o suficiente sobre o assunto para me pronunciar; nem sobre o facto de um coelho ter ido substituir uma personagem com óbvio feitio de melga). O primeiro é tão livre, tão livre que mais valia que tivesse a coragem e a generosidade suficientes para realizar uma festarola de despedida. Com o DJ Santana a pôr música, é claro.
É que, além do mais, a coisa pode tornar-se francamente aborrecida. Já adivinhamos quais vão ser as cenas dos capítulos seguintes. Pacheco e Lobo continuarão ao ataque e Coelho permanecerá à defesa. Sim, por mais spots que passem com o próprio a tentar mostrar que até é um espírito livre, nunca poderá sair da actual cartola do Rato. A menos que tenha em mente outras ambições.
(texto publicado no dia 29 de Abril)