Wednesday, May 04, 2005

Da impureza do futebol

Não subscrevo o que diz o Arménio da drogaria: «O Sporting pode ter o Liedson e o Pinilla mas o Benfica tem o Mário Mendes». Mas, tal com muitos outros benfiquistas, não fico propriamente eufórico ao perceber – ainda por cima, lá no estádio - que o meu clube ganhou a jogatana com o Belenenses por causa de um penalti oferecido pela arbitragem. Isso: algures no meio da bancada, houve alguém que não se pôs a saltar como o senhor João Baião.
Não fico feliz da vida, mas também não alinho nesta nova onda de benfiquismo culpado - ou nas análises embebidas no antibenfiquismo do costume. Ou seja: não vou deixar de fazer sapateado pelas ruas da capital se o Benfica ganhar este ano o campeonato. (Sim, hoje a croniqueta é patrocinada pela palavra não). Mas porquê, ó Santos?, pergunta o Nando da loja de ferragens. Porque, convenhamos, não é a primeira vez na História do Futebol que um clube é levado ao colo (para citar Santana) pelos árbitros. O que nem é o caso.
É que, a julgar pelo que se anda a rabiscar nas paredes do país, parece que isto do favorecimento às claras nunca aconteceu. Parece que até agora os árbitros foram virgens sérias e imparciais e que, a partir de sábado, passaram à categoria de comprados. O «Portugal espantado» em todo o seu esplendor.
Não, não digo como o Arménio: «Até o árbitro tem um nome a defender: o de gatuno». Nem quero apanhar boleia de um discurso melancólico e fatalista. Mas, se formos avaliar os campeonatos por juízos sobre os árbitros e as arbitragens, vamos encontrar demasiadas vezes a palavra injustiça. E, se me permitem, não me apetece ir por aí.
(texto publicado no dia 3 de Maio)