Mainardi
Um homem não se mete aos palmos, mas, muitas vezes, um colunista mede-se aos ódios. O brasileiro Diogo Mainardi é um desses casos. Quanto mais ódios consegue gerar, mais se impõe como colunista. Conhecido sobretudo pela participação no programa Manhattan Connection, Mainardi entra na categoria de comentador ultra-ultra-irritante. É ele próprio que escreve: por cada dez cartas que recebe, nove são insultos.
Diogo Mainardi é uma espécie de Vasco Pulido Valente com pinta e sentido de humor. Embora não seja tão talentoso, descende de uma linhagem de colunistas brasileiros que não hesitavam em fazer uso de uma sátira violenta para encrespar as personagens visadas nos seus artigos – e, é claro, os amáveis leitores. Refiro-me, por exemplo, a Nelson Rodrigues e a Paulo Francis.
Nos últimos tempos, andei a ler A Tapas e Pontapés, compilação dos seus melhores textos na Veja. As crónicas têm temas muito variados. Numas, Mainardi debruça-se sobre Lula da Silva. Noutras, escreve sobre Lula da Silva. E ainda noutras malha em Lula da Silva.
Aqui, ali e acolá, faz igualmente um retrato devastador do Brasil e, heresia das heresias, critica com regularidade Caetano Veloso - que, por sua vez, diz que Mainardi é um «abacaxi com caroço». É o que chama levar com uma Caetanada nas trombas.
Curiosamente, Diogo já não escreve sobre Lula na Veja. Despediu-se, há umas semanas, do seu ódio de estimação. Mas, felizmente, continua em forma. No outro dia, fazia uma comparação entre as letras das música de Xuxa e as letras das músicas de Caetano. E quis provar com alguns exemplos que as letras de Xuxa são melhores do que as de Caetano.
Faz falta gente assim. Gente chata assim. Acima de tudo, o rapaz é do contra. É isso que mais o define - embora pelo meio vá, como se costuma dizer, dizendo umas verdades. Segue, pois, sobretudo aquela frase do Millôr Fernandes (que encontrei há tempos no blogue Contra a Corrente): «Li, ontem, um editorial magnífico. Não dizia absolutamente nada, mas era do contra».
(publicado no dia 10 de Maio)
Diogo Mainardi é uma espécie de Vasco Pulido Valente com pinta e sentido de humor. Embora não seja tão talentoso, descende de uma linhagem de colunistas brasileiros que não hesitavam em fazer uso de uma sátira violenta para encrespar as personagens visadas nos seus artigos – e, é claro, os amáveis leitores. Refiro-me, por exemplo, a Nelson Rodrigues e a Paulo Francis.
Nos últimos tempos, andei a ler A Tapas e Pontapés, compilação dos seus melhores textos na Veja. As crónicas têm temas muito variados. Numas, Mainardi debruça-se sobre Lula da Silva. Noutras, escreve sobre Lula da Silva. E ainda noutras malha em Lula da Silva.
Aqui, ali e acolá, faz igualmente um retrato devastador do Brasil e, heresia das heresias, critica com regularidade Caetano Veloso - que, por sua vez, diz que Mainardi é um «abacaxi com caroço». É o que chama levar com uma Caetanada nas trombas.
Curiosamente, Diogo já não escreve sobre Lula na Veja. Despediu-se, há umas semanas, do seu ódio de estimação. Mas, felizmente, continua em forma. No outro dia, fazia uma comparação entre as letras das música de Xuxa e as letras das músicas de Caetano. E quis provar com alguns exemplos que as letras de Xuxa são melhores do que as de Caetano.
Faz falta gente assim. Gente chata assim. Acima de tudo, o rapaz é do contra. É isso que mais o define - embora pelo meio vá, como se costuma dizer, dizendo umas verdades. Segue, pois, sobretudo aquela frase do Millôr Fernandes (que encontrei há tempos no blogue Contra a Corrente): «Li, ontem, um editorial magnífico. Não dizia absolutamente nada, mas era do contra».
(publicado no dia 10 de Maio)