Friday, May 27, 2005

Cavaco para comissário de qualquer coisa

Não, não sei se já perceberam. Há um sentimento de alívio nas ruas, nas tascas, nas lojas do cidadão, nas paragens de autocarro, nas plantações de sobreiros. Os portugueses arranjaram maneira de se verem livres de políticos que já deviam ter metido a papelada para reforma. Eis a novíssima forma de nos safarmos de personagens que ameaçam voltar à política nacional: mandá-las para cargos internacionais. Aconteceu com Guterres. Proponho, já agora, que se mande também Cavaco.
Sou o primeiro a assinar a petição. A meter a cunha. Até sou rapaz para mandar um SMS ao Kofi Annan (só não sei se ele ainda tem o mesmo número). Cavaco para alto-comissário de qualquer coisa. Cavaco para alto-comissário da ONU para a Tecnocracia e o Deixem-me Trabalhar. Cavaco para alto-comissário da ONU para o Tabu e o Bolo-Rei. Seria igualmente prestigiante e pouparia a lusitana pátria ao cavaquismo versão presidencial. O que é que me dizem?
Enquanto não dizem nada, vou avançando: não nos fiquemos por aqui. Por que é que não arranjamos cargos internacionais para personalidades de outras áreas - que estão, digamos, a precisar de um arejozinho? Por exemplo, pelo que vejo e ouço, há demasiados sportinguistas a quererem mandar Peseiro para o estrangeiro - ou para um sítio que eles lá sabem. Fica a proposta: mande-se o senhor para um cargo da UEFA na Albânia ou na Arménia.
Os católicos menos conservadores, esses, gostariam certamente de poder mandar Ratzinger para bem longe. Assim de repente, ocorre-me uma hipótese: o cargo de alto-comissário para o Mundo Católico. Em Marte, pois.

(texto publicado no dia 27 de Maio de 2005)