«As verdades» de Medina Carreira
Antes de mais, aquilo que é importante nisto tudo: Medina Carreira é um economista com piada. Com muita piada mesmo. Um frasista. Com talento, rasgo e provocação. O que menos interessa: Medina Carreira diz coisas importantes para o país. Medina Carreira diz aquilo que os portugueses comuns (e até quem sabe a Maria Gabriela Llansol) designam por «verdades».
A última entrevista que deu (à SIC-Notícias) foi um momento televisivo marcante para muito boa gente. Pelo menos a julgar pelas conversetas de café e de salão. Ou seja: quem viu não tocou noutro assunto. Cada um lançou a sua sentença: o homem cortou a direito; o homem afirmou o que os políticos não têm coragem para nos revelar; o homem é que é.
O que nos pode levar a pensar que os portugueses estão prontos para seguir a via difícil e onerosa por si defendida. Aquela que vocifera que não há outro caminho para a sobrevivência do país senão a de conter as despesas do Estado – o que implicará, necessariamente, despedimentos e uma vigilância maior à cultura do subsídio.
Pois, nada mais ilusório. A óbvia conclusão a que chegou o quarto andar sem elevador é esta: os portugueses apreciam um homem que seja frontal (e mesmo brutal) na identificação das causas da decadência da Nação, mas não aguentam o embate da prática e do dia-a-dia. Não têm a genica suficiente para sacudir hábitos de laxismo. Sejamos pouco líricos nisto: a verdade é que ninguém está preparado para corresponder às expectativas de exigência de um Medina Carreira. Por mais que gostemos de o ouvir dizer «as verdades» na televisão.
(publicado no dia 29 de Maio de 2005)
A última entrevista que deu (à SIC-Notícias) foi um momento televisivo marcante para muito boa gente. Pelo menos a julgar pelas conversetas de café e de salão. Ou seja: quem viu não tocou noutro assunto. Cada um lançou a sua sentença: o homem cortou a direito; o homem afirmou o que os políticos não têm coragem para nos revelar; o homem é que é.
O que nos pode levar a pensar que os portugueses estão prontos para seguir a via difícil e onerosa por si defendida. Aquela que vocifera que não há outro caminho para a sobrevivência do país senão a de conter as despesas do Estado – o que implicará, necessariamente, despedimentos e uma vigilância maior à cultura do subsídio.
Pois, nada mais ilusório. A óbvia conclusão a que chegou o quarto andar sem elevador é esta: os portugueses apreciam um homem que seja frontal (e mesmo brutal) na identificação das causas da decadência da Nação, mas não aguentam o embate da prática e do dia-a-dia. Não têm a genica suficiente para sacudir hábitos de laxismo. Sejamos pouco líricos nisto: a verdade é que ninguém está preparado para corresponder às expectativas de exigência de um Medina Carreira. Por mais que gostemos de o ouvir dizer «as verdades» na televisão.
(publicado no dia 29 de Maio de 2005)