Tuesday, June 28, 2005

Independência para Portugal

Vá lá, ao menos sejamos correctos e justos nisto. Temos de dar os parabéns à ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que acaba de trazer para a ordem do dia um assunto polémico mas absolutamente decisivo do nosso tempo. (Sabe-se disso: não se fala noutra coisa nas ruas, nas tascas, nas esplanadas, nas praias, nos clubes de strip, na Biblioteca Nacional – ou seja, em todos os sítios onde, a qualquer momento, poderá rebentar um arrastão). Sim, já é altura de Portugal se tornar independente dos Açores.
A situação tornou-se insustentável. Chegou o momento de satisfazer as legítimas aspirações independentistas dos portugueses. O Júlio da garagem fala-me em escândalo. Uma ministra com vocação de revolucionária independentista? Calem-se, calem-se essas vozes do contra. Esses reaccionários que não percebem o curso normal da História. Esses Vascos Pulidos Valentes de vão de escada. Esta senhora é uma senhora de coragem. Fez o que tinha a fazer - e sem bombas pelo meio. Não podemos ocultar o esquecimento (e o desprezo) a que o arquipélago votou «a República» durante anos e anos. Maria de Lurdes Rodrigues é o Michael Collins do Executivo de Sócrates.
A FLC (a Frente de Libertação do Continente), liderada justamente pela senhora ministra, tem, segundo as fontes do quarto andar sem elevador, realizado reuniões consecutivas no sótão do Ministério da Educação. Já foi abandonada num caixote qualquer aquela ideia do referendo – recordemos que a pergunta era “Independência para o País do Mourinho, Sim ou Não?”. E, dado o depoimento recente de Maria de Lurdes sobre o assunto, a declaração de independência está para breve. Não saiam, pois, dos vossos lugares.