Saturday, June 18, 2005

O strip açoriano

Depois de, nestes últimos dias, ter percorrido o eixo Paris-Marvão (esse conhecido eixo geoestratégico mundial), achei que devia estacionar por uns dias na ilha de São Miguel, a minha terra. Quis, no fundo, completar a sequência em beleza: Paris-Marvão-Livramento (a freguesia dos arredores de Ponta Delgada, onde cresci para o nonsense e a melancolia).
Estou por aqui, no meio de um dia brumoso e nevoeirento - o que é muito estranho, tratando-se das ilhas açorianas. Até agora não houve nenhum tremor de terra. Assisti ontem ao boletim televisivo e, quando chegou à parte da “previsão do estado dos vulcões para amanhã”, as notícias foram apaziguadoras. Obrigado, Mãe Natureza.
É a primeira constatação para quem sai do aeroporto e segue pelas modernas estradas da ilha: os meus Açores acordaram para o sexo. Melhor: os meus Açores acordaram para o softcore – ou, segundo algumas informações recolhidas junto dos especialistas, para «um certo hardcore». É isso mesmo: hoje, há várias casas de strip nas ilhas. E há alguns outdoors que, sem pedir licença à bem conservadora sociedade açoriana, fazem a devida publicidade às mesmas.
Que fique claro - não me escandalizo com o facto. Acontece. Acontece aos melhores sítios do mundo (é vaidade e orgulho, eu sei). E – permitam-me as donas aí do bairro o devaneio libertino – não vejo mal nenhum nisso. Ora vejamos: as famílias, ao decidirem atravessar o Atlântico, em vez de irem ver as lagoas, as hortênsias e o mar, vão ver uma data de brasileiras e ucranianas a dançar ao som do Enrique Iglesias. São, à mesma, férias que prometem.
ncostasantos@netcabo.pt