Friday, June 03, 2005

Vamos morrer:)

Por este dias só me estão a interessar as questões fracturantes. Os temas que dividem a sociedade portuguesa. Que dão insónias (lacrimejantes, pois) ao presidente Sampaio. Depois de ter dedicado a prosa de ontem aos SMS’s e à sua importância na comunicação de notas decisivas para as nossas vidas, dedico a minha melancolia primaveril de hoje aos smilies (e a toda a sinaléctica aparentada). Aguente-se, leitor mais sensível.
Os smilies, esses bonequinhos essenciais à comunicação pós-moderna. Não há cidadão que comunique no Messenger (e são tantos nas empresas, por exemplo) que não os utilize. Também têm aparecido muito nos emails e nos comentários bloguísticos. Dão jeito. Pois, ajudam a explicar melhor a intenção daquilo que se quer dizer por escrito. Ou seja: ajudam uma pessoa a não ser espancada.
Há os zangados. Os contentes. Os malandrecos (a piscar o olho). E há outros que ficam para os entendidos. A questão é: vou ter de passá-los a usar (talvez até na crónica; talvez até nas actas das reuniões de condóminos; talvez até no meu livrinho de poemas). Ainda resisti, ainda desdenhei, ainda me armei ao intelectual. Mas fui obrigado a aderir ao fenómeno. Sobretudo depois de ter sido espancado pela dona Ermelinda por causa de um bilhete que rabisquei à pressa no café – e que a dona Ermelinda interpretou como sendo uma proposta para irmos os dois para casa dela ver o canal Venus.
Além do mais, com o smilie certo, podemos insultar quem quisermos que ninguém leva a mal. Basta pôr o bonequinho risonho no final da frase. Se escrever «és um pulha» sou capaz de ser assassinado pelo meu interlocutor (e pela sua família toda, inclusive os primos emigrantes em França). Mas se escrever «és um pulha:)», sou recebido com um abraço por toda a gente. Vá lá, experimentem.