Tuesday, June 28, 2005

Pilatos e o PS

O maior inimigo de Carrilho é o PS. Não, já não é apenas a classe jornalística. Agora é o Largo do Rato em peso – e os seus afluentes - que deseja que o filósofo se espatife na primeira curva. É verdade que Manuel Maria metralhou - mais do que uma vez - os joanetes durante os últimos tempos, mas o PS, a julgar pelas declarações públicas de alguns dos seus elementos (entre eles, Jorge Coelho), tem tentado empurrar o candidato-filósofo para a maior das solidões políticas e eleitorais.
A forma como Carrilho está a ser abandonado pelo PS – que, é claro, não quer chamuscar o seu prestígio nesta fase decisiva – faz lembrar uma verdade essencial e bastante cruel da vida dos partidos. Os partidos tanto podem proteger ao máximo os seus militantes (quando estes «dão jeito» e se «portam bem»), mas também são capazes de os abandonar numa ruela qualquer quando percebem que têm mais a perder do que a ganhar, caso continuem a suportá-los. (É preciso reconhecer que Ferro Rodrigues, à parte os seus excessos e irritações, foi uma excepção a este tipo de conduta).
Alinhemos um conjunto de factos e conclusões que qualquer criança poderá perceber. Carrilho foi escolhido pelo partido para ser o candidato socialista à Câmara de Lisboa. Certo? Tem, digamos, essa legitimidade. Ou seja: no mínimo, o que se pode esperar é que o PS assuma até ao fim o «encargo» de o ter como candidato. Certo? Que não comece com insinuações públicas ou com declarações do género “eu não tenho nada a ver com isso”. Certo? Certo. Pilatos – que tanto tem inspirado a actividade política - anda a fazer de novo escola no PS.